30 de jan. de 2013

Um olhar...



Quando um olhar penetra todo o nosso tempo, toda a afetação, toda a ambição, toda a vaidade, todo o jogo superficial de uma espiritualidade fabricada e frívola. Ah! Lamentavelmente o olhar vai mais fundo ainda, além das simples imperfeições e desesperanças de nosso tempo, de nossa espiritualidade, de nossa cultura. Chega ao coração de toda a humanidade; expressa em um único segundo, toda a dúvida de um pensador, talvez a de um conhecedor da dignidade e, sobretudo do sentido da vida humana. Um olhar que diz: “Veja os macacos que somos! Veja o que é o homem!” E toda a celebridade, toda a inteligência, toda a conquista do espírito, todo o afã para alcançar a sublimidade, a grandeza e o duradouro do humano se esboroavam de repente e não passava de frívolas momices! 

Normalmente me deixo ir além dos limites do habitual e convencional, digo coisas pessoais e singulares, acho q penso um pouco demais do que os outros homens e tenho nas questões espirituais uma quase fria objetividade, aquela segurança de pensar e de saber que só possuem homens verdadeiramente espirituais, que carecem de toda ambição, que nunca desejam brilhar nem persuadir aos demais nem arvorar-se em donos da verdade. 

Outras vezes há nesse olhar, um tanto mais de tristeza que de ironia, na verdade um olhar profundo e desesperadamente triste, com o qual traduz um desespero calado, de certo modo irremediável e definitivo, que se transforma as vezes em hábito e forma, as vezes me transverbero com minha desesperada claridade mas tento evidenciar a situação do momento, a expectativa, tento penetrar novamente todo o nosso tempo.

28 de jan. de 2013

Felicidade...

Um amigo me fez a seguinte pergunta
o que é felicidade?
Parei para refletir sobre e não consegui chegar a uma resposta mas disse coisas sobre meu tempo feliz.
Estagio pleno e ilusório onde perceberá quando juntar os pedaços, desfragmentando o tempo e unindo esses momentos gerando algo maior e inesperado que te faça despertar um sentimento único e satisfatório.
acho q é isso ao menos o que venho buscando e acreditando, me movendo por sentimentos e sendo orientado pela minha razão, equilibrando e construindo meu destino...
Eu sou feliz e tenho meus momentos tristes, o abstrato me tira as amarras da vida social e começo a viver para saciar a vontade de mim mesmo, criando uma perspectiva como consequência do sentimento...

Bukowski

"O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte."



24 de jan. de 2013

Tempo amarelo



Carrego pr’onde vou
O peso do meu som
Lotando minha bagagem
Meu maracatu pesa uma tonelada de surdez
E pede passagem

Meu maracatu pesa uma tonelada…

Sempre foi atômico
Agora biônico, eletro-soulsônico
Alterando as batidas
No azougue pesado
Em ritmo crônico
Tropa de todos os baques existentes
De longe tremendo e rachando os batentes
Mutante até lá adiante
Pois a zoada se escuta distante
Levando o baque do trovão
Sempre certo na contramão

Carrego pr’onde vou
O peso do meu som
Lotando minha bagagem
Meu maracatu pesa uma tonelada de surdez
E pede passagem

Meu maracatu pesa uma tonelada



Nação Zumbi

22 de jan. de 2013

O sol e a lua...


Ele a acaricia, deitada com a cabeça sobre sua perna ele mexe no cabelo dela, acaricia fazendo-a descansar. Ela suspira, com os olhos fechados sente paz. Ele lamenta, porque vê no canto de sua boca que já não mais tinha seu amor. Ela finge estar, mas controla as horas passando.


O céu despreza o pôr do sol, vermelho de vergonha, pois ela já se mostra na noite. Linda notável Lua Cheia.
Ele se vira, abaixa a cabeça. Não tem força para lutar, decide não lutar. Não imagina o quanto será difícil. Sentado lá ele se perde e não vê o tempo passar. Ela dorme. Ele sabe que isso vai acabar. Ele se perde, se despede.


Andando sozinho nessa noite fria ele percebe com maior intensidade o vento vindo por todos os lados rasgando sua pele. Não pára. A estrada é longa e o tempo é curto. Não pára. Não se vira, não abaixa a cabeça novamente.


Deixa para trás a memória e prossegue caminhando. Têm na mente as lutas perdidas e, também, as vitórias, mas não mais as têm como repertório de experiência. Entra em novas guerras como aprendiz desprovido de experiência para saborear com maior prazer a incerteza do resultado. Suicida.


Deixa para trás as alegrias e dores. Não mais importa. Busca novas alegrias e novas dores para suprir o que se perdeu.


O céu proíbe o sol de se apresentar novamente para não perder o encantamento da Lua enquanto dança imponente entre os astros. Linda notável Lua Cheia.


O sol se foi e não mais voltou.

16 de jan. de 2013

A busca...



Assistindo a uma palestra ouvi certa pergunta de uma aluna ao palestrante:

Para que serve a utopia?

E durante uma resposta técnica referente aos estudos filosóficos e sociais do palestrante olhei para o horizonte visto de uma pequena janela ao meu lado e obtive outra resposta.

Percebi que a utopia esta no horizonte;

E sei muito bem que nunca a alcançarei;

Se eu ando dez passos, ela se distanciará dez passos;

Quanto mais a procuro, menos encontro;

Porque ela se distancia quando mais me aproximo;

E é pra isso que ela serve;

Fazer-nos caminhar.

Lembrei até o lema de Johnnie Walker (cujo o nome rotula o uísque) sua propaganda mostra um homem andando para frente em um pensamento avançado e a busca pela excelência, keeping walking (continue andando)...

E há quem diz que não existem respostas no fundo de uma garrafa, ou aprendizado em se viver de forma boêmia, mas a questão é, talvez, nunca deixar de buscar e conhecer a si mesmo apesar dos parâmetros externos, não se diminua a eles, alargue seus caminhos e viva intensamente a busca, se não for a melhor coisa, também não será a pior, e mesmo assim for algo ruim, aprenda e cresça fazendo algo com que a vida fez de você.

Amor Líquido - Baseado no livro de Bauman


O autor, Zygm Zygmunt Bauman procura investigar neste livro, porque as relações humanas estão cada vez mais flexíveis, gerando níveis de insegurança que aumentam a cada dia. Os seres humanos estão dando mais importância a relacionamentos em “rede” (pela internet através de bate-papo, email ou celular através de mensagens de texto e bate-papo) que podem ser desmanchados a qualquer momento e muito facilmente, sendo que assim, sendo este contato apenas virtual, as pessoas não sabem mais como manter um relacionamento a longo prazo. E isso não acorre apenas nas relações amorosas e vínculos familiares, mas também entre os seres humanos de uma maneira geral.

Ex: Se um estranho cumprimenta outro na rua, o outro além de não responder o cumprimento, ainda sente-se estranho, talvez ofendido ou até pensa, “que pessoa esquisita”. As pessoas não se sentem à vontade na presença de um estranho, quanto mais cumprimentando alguém que não conhecem. Outro exemplo é o fato de quase ninguém ajudar um mendigo ou um estranho na rua. As pessoas têm medo, tanto por causa da violência, talvez sofrida por eles, quanto pela repercussão dos meios de comunicação que cada vez mais “apavoram” os seus usuários com notícias que envolvem apenas as coisas ruins feitas pelos próprios seres humanos. Então, como não ter medo?

Os relacionamentos em geral, estão sendo tratados como mercadorias. Se existe algum defeito, podem ser trocadas por outras, mas não há garantia de que gostem do novo produto ou que possam receber seu dinheiro de volta. Hoje em dia os automóveis, computadores ou telefones celulares em bom estado e em bom funcionamento são trocados como um monte de lixo no momento em que aparecem versões mais atualizadas. E assim acontece com os relacionamentos, não gostou, pode trocar, assim ninguém sofre. Também existem os relacionamentos de bolso, do tipo que pode-se usar e dispor quando for necessário e depois tornar a guardar para ser utilizado numa outra ocasião.
A sociedade atual está criando uma nova ética do relacionamento, os relacionamentos estão cada vez mais fragilizados e desumanos. A confiança no próximo está cada vez mais próxima de terminar definitivamente. Os seres humanos estão sendo usados por eles mesmos.

Ex: vaso de cristal, na primeira queda, quebra. As relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar com um problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é criar problemas em cima de problemas.

A definição romântica do amor, está fora de moda. O amor verdadeiro em sua definição romântica, foi rebaixado a diversos conjuntos de experiências vividas pelas pessoas, nas quais referem-se utilizando a palavra amor. Noites avulsas de sexo são chamadas de “fazer amor”. Hoje é muito fácil de se dizer “eu te amo”, pois não existe mais a responsabilidade de estar mesmo amando, a palavra amor foi rotulada de uma forma, em que as pessoas nem sabem direito o que sentem, não conseguem definir uma diferença entre amor e paixão, por exemplo, e mesmo assim utilizam incorretamente esta palavra, que perdeu sua importância.
Como diz o autor, “Amar é querer “gerar e procriar”, e assim o amante “busca e se ocupa em encontrar a coisa bela na qual possa gerar”... não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor 
encontra o seu significado, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é afim à transcendência...”
Os seres humanos têm medo de sofrer e pensam que não mantendo uma relação estável e duradoura, irão parar de sofrer ou diminuir a dor, trocando de parceiros, amigos, namorados, noivos, amantes, etc. O sofrimento e a solidão é o principal problema para as pessoas. Os seres humanos estão sendo ensinados a não se apegarem a nada, para não se sentirem sozinhos. A nossa sociedade moderna, não pensa mais na qualidade, mas sim na quantidade, quanto mais relacionamentos eu tiver, melhor, quanto mais dinheiro tiver, melhor. O consumismo é muito grande e as pessoas compram não por desejo ou necessidade, mas por impulso e isso ocorre também nas relações humanas.
Outro problema que está na sociedade atual é a insegurança. Para sentirem-se seguras, as pessoas preferem se “encontrar” pela internet do que pessoalmente, assim, quando quiserem, podem apagar o que haviam escrito, ou simplesmente “deletar” (apagar) um contato e facilmente dizer “adeus”. Para as pessoas de hoje sentirem-se seguras precisam ter sempre uma mão amiga , o socorro na aflição, o consolo na derrota e o aplauso na vitória e isso nem sempre iria ocorrer caso tivessem as mesmas pessoas ao seu lado. No momento em que o outro não lhe dá a segurança que tanto precisa, logo o mesmo é esquecido e substituído.
Pelo que pude compreender a modernidade liquida são os avanços tecnológicos que influenciam muito o ser humano em suas relações de um modo geral e o amor líquido representa justamente esta fragilidade dos laços humanos, a flexibilidade com que são substituídos. É um amor criado pela sociedade atual (modernidade líquida) para tirar-lhes a responsabilidade de relacionamentos sérios e duradouros, já que nada permanece nesta sociedade, o amor não tem mais o mesmo significado, foi alterado como algo flexível, totalmente diferente do seu verdadeiro significado de durabilidade e perenidade.

Agonia de Tântalo e sua busca por segurança



Segundo a mitologia grega, Tântalo, filho de Zeus e de Plutó, tinha excelentes relações com os deuses que freqüentemente o convidavam a beber e comer em companhia deles nas festas do Olimpo. Sua vida transcorria, pelos padrões normais, sem problemas, alegre e feliz — até que ele cometeu um crime que os deuses não quiseram (não poderiam?) perdoar. Quanto à natureza do crime, os vários narradores da história discordam. Alguns dizem que ele abusou da confiança divina e revelou aos outros homens mistérios que deviam permanecer ocultos dos mortais. Outros dizem que ele foi arrogante a ponto de se acreditar mais sábio do que os deuses, tendo decidido testar os divinos poderes de observação. Outros narradores ainda acusam Tântalo de roubo de néctar e ambrósia que nunca deveriam ser provados pelos mortais. Os atos imputados a Tântalo são, como vemos, diferentes, mas a razão por que foram considerados criminosos é a mesma nos três casos: Tântalo foi culpado de adquirir e compartilhar um conhecimento a que nem ele nem os mortais como ele deveriam ter acesso. Ou, melhor ainda: Tântalo não se contentou em partilhar a dádiva divina — por presunção e arrogância desejou fazer por si mesmo o que só poderia ser desfrutado como dádiva.

A punição foi imediata; foi também tão cruel que só poderia ter sido inventada por deuses ofendidos e vingativos. Dada a natureza do crime de Tântalo, foi uma lição. Tântalo foi mergulhado até o pescoço num regato — mas quando abaixava a cabeça tentando saciar a sede, a água desaparecia. Sobre sua cabeça estava pendurado um belo ramo de frutas — mas quando ele estendia a mão tentando saciar a fome, um repentino golpe de vento carregava o alimento para longe. (Daí que, quando as coisas desaparecem no momento em que nos parecia que as tínhamos, afinal, ao alcance, nos lamentamos por termos sido “tantalizados” por sua “tantalizante” proximidade.)

Os mitos não são histórias divertidas. Seu objetivo é ensinar por meio da reiteração sem fim de sua mensagem: um tipo de mensagem que os ouvintes só podem esquecer ou negligenciar se quiserem. A mensagem do mito de Tântalo é de que você só pode continuar feliz, ou pelo menos continuar numa felicidade abençoada e despreocupada, enquanto mantiver sua inocência: enquanto desfrutar de sua alegria ignorando a natureza das coisas que o fazem feliz sem tentar mexer com elas, e muito menos “tomá-las em suas próprias mãos”. E que se você se atrever a tomar os problemas em suas próprias mãos você nunca poderá reviver a dádiva que só pôde aproveitar no estado de inocência. Aquele objetivo escapará para sempre ao seu alcance.

Outros povos além dos gregos também devem ter chegado a acreditar na eterna verdade dessa mensagem a partir de sua própria experiência; os gregos não foram os únicos a incluí-la entre as histórias que contavam para ensinar e que ouviam para aprender. Uma mensagem muito semelhante deriva da história de Adão e Eva, cujo castigo por terem comido o fruto da Árvore do Conhecimento foi a expulsão do paraíso; e o paraíso era um paraíso porque lá eles podiam viver sem problemas: eles não tinham que fazer as escolhas das quais dependia sua felicidade (ou infelicidade). O Deus judeu podia em certas ocasiões ser tão cruel e impiedoso em sua ira quanto os moradores do Olimpo, e o castigo que destinou à ofensa de Adão e Eva não foi menos doloroso do que o imposto a Tântalo — era apenas, por assim dizer, mais refinado e exigia maior capacidade de interpretação: “Precisarás trabalhar para comer... Ganharás o pão com o suor de teu rosto.” Ao anunciar esse veredicto, Deus enfurecido postou “a leste do Jardim do Éden”, “o querubim com a espada flamejante para proteger o acesso à árvore da vida” — para advertir Adão e
Eva e sua descendência de que nenhuma quantidade de trabalho ou de suor seria suficiente para trazer de volta a serena alegria despreocupada da ignorância paradisíaca; aquela felicidade primitiva irremediavelmente perdida uma vez perdida a inocência.

A memória dessa felicidade viria a assombrar os descendentes de Adão e Eva, mantendo-os à espera, contra toda a esperança, da descoberta do caminho de volta. Isso, porém, jamais acontecerá; sobre esse ponto não há desacordo entre Atenas e Jerusalém. A perda da inocência é um ponto sem volta. Só se pode ser verdadeiramente feliz enquanto não se sabe quão feliz se é. Tendo aprendido o significado da felicidade com sua perda, os filhos de Adão e Eva teriam que aprender pela via mais difícil a sabedoria que foi oferecida a Tântalo numa bandeja. O propósito sempre lhes escaparia, por mais próximo (tantalizantemente próximo) que lhes pudesse parecer.

2 de jan. de 2013



http://www.youtube.com/watch?v=qK59nhh1tcg


Since I've Been Loving You
Led Zeppelin


Working from seven to eleven every night

It really makes life a drag, I don't think that's right

I've really, been the best, the best of fools

I did what I could, yeah


'Cause I love you, baby

How I love you, darling

How I love you, baby

How I love you, girl, little girl


Baby, since I've been loving you, yeah

I'm about to lose my worried mind, oh yeah


Everybody trying to tell me

That you didn't mean me no good

I've been trying, Lord, let me tell you

Let me tell you I really did the best I could


I've been working from seven to eleven every night

I said it kinda makes my life a drag, drag, drag, drag, Lord, that ain't right


Since I've been loving you

I'm about to lose my worried mind

Said I've been crying, my tears they fell like rain

Don't you hear, don't you hear them falling


Do you remember, mama, when I knocked upon your door?

I said you had the nerve to tell me you didn't want me no more, yeah

I open my front door, hear my back door slam

You must have one of them new fangled back door man


I've been working from seven, seven, seven, to eleven every night

It kinda makes my life a drag, drag, drag

Baby, since I've been loving you

I'm about to lose, I'm about lose to my worried mind


I just want more chanced woman

Since I've been loving

I wanna move my worried mind